quarta-feira, 16 de julho de 2008

Amor de carnaval é fantasia, dura pouco só três dias.


No quinto álbum em 1967, O bidú – Silêncio no Brooklin, a excursão do Zé pretinho adentra um fantástico mundo paralelo. A charmosa alegria do “samba esquema novo” aqui toma a forma de um esfuziante transe carnavalesco pelas ruas de uma vila onírica. Desde os primeiros acordes, em que se apresenta a fremente guitarra elétrica, somos envolvidos por uma bruma que nos transfere abruptamente da realidade para uma dimensão mitológica.
Sim, como um herdeiro mulato de uma antiga estirpe de trovadores, bardos ou menestréis, nos anuncia na linguagem musical do êxtase coletivo os arrebatamentos do coração, o nascimento de príncipes, e a digna alegria do homem comum.
Acompanhado pela banda The Fevers (na mais febril promiscuidade latina) miscigenando salsa, mambo, forró, e mais afim do rock da jovem guarda do que da bossa nova, cada música tem cadência e arranjos únicos: percussões incansáveis, xilofone, teclados coloridos, um orgão (por vezes, etéreo) e metais.
E a voz do Zé pretinho, sempre calorosa, nos guia por esse mágico universo folclórico dos trópicos.
Encerra a maravilhosa viagem com a energética Si manda, nos devolvendo para a realidade insuportável da atual música popular brasileira.

Vai simbora
Tudo acabou
Ficou o espinho pois a flor murchou
Si manda, vai simbora!

01- Amor de carnaval (Jorge Ben)
02- Nascimento de um príncipe africano (Jorge Ben)
03- Jovem samba (Jorge Ben)
04- Rosa mais que nada (Jorge Ben)
05- Canção de uma fã (Jorge Ben)
06- Menina gata Augusta (Jorge Ben - Erasmo Carlos)
07- Toda colorida (Jorge Ben)
08- Frases (Jorge Ben)
09- Quanto mais te vejo (Jorge Ben - Yara Rossi)
10- Vou andando (Jorge Ben)
11- Sou da pesada (Jorge Ben)
12- Si manda (Jorge Ben)

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