sábado, 19 de julho de 2008

Animal Collective - Feels


No som de algumas bandas é sensível a diversão que envolve a criação. E isso desarma a audição de imediato, torna-nos menos impassíveis, faz-nos participantes.

Did they empty out their pockets and debase their younger faces?
and you must make sure you´re happy when you leave your summer places...

Quando amigos de infância conseguem manter-se unidos até a idade "adulta", em catárticas sessões de primitivismo musical num quarto escuro, e isso começa a resultar em discos, temos uma banda do naipe de Animal Collective. E parece simples fazer música. As idéias chegam prontas. Depois arranja-se aquilo que era apenas frenesi no violão, batuques improvisados e gritaria inspirada em uma cornucópia de ecos, timbres, cordas, pianos e temos estimulante prova de que é possível se fazer música de qualidade com inspiração e falta de vergonha.
No excelente Feels, combinam uma ambiência psicodélica com letras lunáticas, melodias imprevisíveis e voz caricatural. Nas músicas Grass e Purple Bottle a euforia tribal das percussões e a longa melodia em um só fôlego é contida pela leveza monotônica dos teclados. Em Bees e Banshee Beats um torpor opiáceo nos leva a flutuar por exóticas paisagens orientais. Loch Raven é uma delicada cançao de ninar com modulação eletro-acústica e solavancos de tambores. Turn into Something finaliza alegremente o disco com ritmo africano e melodia folk submersa em névoa. Música despretensiosa com fresco ar de novidade e invejável senso de diversão.


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