sexta-feira, 18 de julho de 2008

Caveat emptor! (Buyers beware!)


A força marítima britânica se fez ouvir em 2008, e dessa vez, estrondosamente. Do you like rock music?, retórica ou ironicamente, não espera a resposta de uma audiência complacente. No terceiro disco, aquele em que geralmente não se tem mais nada a provar, adquirem uma seriedade ritual, de extenuante batalha e merecida trégua, criando um brilhante mosaico poético da vida moderna.
All in it, abre o disco descomunalmente: os órgãos solenes, a explosão iminente da cadência marcial, a elusiva repetição em coro (we’re all in it, and we close our eyes), e a distorção poluída, trazem a banda para um território de tensão vivificante. Lights out for darker skies se aproxima circunavegante pela costa com violinos épicos e um excitante lirismo noturno (Welcome for a day or stay forever, There's things which we all need to navigate. Daisy chains of light surround the city now, they glow but never quite illuminate. So dance, like sparks from the muzzle). No Lucifer, um coro de caça às bruxas segue durante quase toda a música, e um crescendo apocaliptico de conspirações, ocultismo e alusões cifradas (ao papa? Can always just say no to the anti-aircraft crew, the boys from the Hitler Youth). Esquivam-se do juízo final (em meggido) para refugiar-se em sodoma, confiantes em poder derrotar diversos Lucifers.
Acenam as bandeiras inglesas em Waving Flags, e apresentam-se como bárbaros iluminados pela luz da cerveja. Acalmam os ânimos ao redor da fogueira, e contam uma tragédia, antecedida de presságio em Canvey island. Em down on the ground, uma voz doce rememora um vago conto de fadas de um reino perdido. Retomam a coragem para a jornada e espírito de aventura com riffs afiados em Trip out. Somos engolfados por alguma longa e inenarrável tribulação em The great Skua. A voz retorna, como um coro de sátiros em Atom, invoca o espírito do capitalismo e a sua consumação atômica na terra, para observar essa era sob a perspectiva privilegiada da alienação (Oh caveat emptor! Open the atom core!). Como para não desesperar completamente, e de novo zerando a tensão, no need to cry areja com sussurros a poeira atômica e desfaz o pesadelo com um afago de fria realidade. Recompõem-se novamente em Open the door, para, quem sabe, deixar entrar um novo e inexorável sonho.


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