sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Bad Brains e o rock para a luz

Algumas coisas devem estar claras antes de se falar de Bad Brains. Primeiro que sua versatilidade expandiu astronomicamente as possibilidades do Punk Rock. Segundo que suas mensagens Rastafari em nada diminuem seu valor, e de alguma estranha forma, talvez sua genialidade esteja diretamente relacionada com a religião. Pois além de criatividade e talento, a total entrega emocional é gritante, tanto na velocidade do punk , quanto no clamor do reggae.
Opondo-se forma e conteúdo, se isso é possível, teríamos de um lado uma intensidade desmedida de paixão a serviço de uma crença versus um conteúdo ideológico altamente questionável. E Talvez nisso resida sua força, de tal forma arrebatadora, que suspenda nosso julgamento crítico a ponto de quase nos entregarmos a esse culto anacrônico. Não que as mensagens sejam tão pavorosas assim, afinal de contas, disseminam o amor, o orgulho da resistência, e uma perspectiva de fé revolucionária para a juventude. Se no momento seguinte H.R. desce do palco e racha o cocoruto de um skinhead com o pedestal do microfone, desmistificando a figura do profeta, ainda assim, quando ele canta, extraindo um sentimento sagrado até o último fôlego, atropelando as palavras, evocando a bíblia e Haile Selassie I, ele se redime.
As pessoas podem apaixonar-se por Bad Brains por várias razões: Dr. Know criou um estilo tão próprio e inimitável de guitarra, do timbre esganiçado a composição (pausas, contratempos, solos), que nutriu por anos o harcore nova iorquino, e qualquer fusão que se faça com música negra. A velocidade sem precedente de Rock for light e a complexidade do Rise, demonstram a evolução extraordinária de uma banda predestinada. A estridência, o fôlego e as melodias de H.R. fazem dele um dos vocalista mais inspirados e passionais da música, não só do punk rock. E Darryl Jennifer, provavelmente o grande e discreto gênio, Pulsando no baixo, por trás das composições e das influências, imprimiu um groove contagiante ao Bad Brains.
Mas destacar tecnicalidades não faz jus ao poder que sua música contém, nem a grande qualidade que os torna únicos e imprescindíveis na história da música, que é o sentimento, esta tão vaga e tão rara característica, indissociável de sua devoção religiosa. Então aleluia! Jah rastafari Haile Selassie I!
Discografia:

Black Dots (1978, lançado apenas em 1996)
Bad Brains (1982, ROIR Records)
The Omega Sessions (1983)
Rock For Light (1983, PVC Records)
I Against I (1986, SST Records)
Spiritual Electricity (1988, Bad Brains Records)
The Youth Are Getting Restless (1987, SST Records, lançado em 1990)
Live (1988, SST Records)
Quickness (1989, Caroline Records)
Rise (1993, Epic Records)
God of Love (1995, Maverick Records)
A Bad Brains Reunion Live from Maritime Hall (1999, SST Records)
I And I Survived (2003, DC Records)
Banned In D.C:The Greatest Riffs (2005, DC Records)
Build A Nation (2007, Megaforce Records)

Um comentário:

Lucas disse...

ta demais o blog... difícil encontrar resenhas escritas tão, parabéns, virei fã : )