quarta-feira, 24 de setembro de 2008

prove you wrong

Pois então meus amigos, parece que foi ontem que eu liguei a TV e um ser bizarro tocava uma guitarra estranha(sonoramente falando) para uma banda de metal(???). Parecia metal, parecia pesado, mas não tinha nem distorção na musica em questão, apenas no solo, que inclusive é muito bom pra assobiar de tarde nas ruas.

Tá... mas que eu tô falando, é devaneio demais pra uma só banda... vamos a o que interessa... O cara estranho era Tommy Victor, guitarra e vocal do PRONG. Banda de NY, USA. Este mesmo Tommy trabalhou na mais famosa das casa, CBGB, tocaram lá diversas vezes também. Mas além de tudo isso eles gostavam de se banhar num oceano sonoro chamado Killing Joke.

Pode se dizer que a cada album o PRONG se reinventa, mas eu sempre sinto uma fragrância Jokiana em algo. Muitas bandas afora são rebentos do KJ, mas, enquanto a maioria tenta ser adotada, o PRONG foi parido realmente.

Mas quanta enrolação, to quase mudando o rumo do post pra outra banda já citada aqui pelo meu caro tio n0153!!!

Retomando, o PRONG nasceu em meados de 1985 com um som bem cru e ligeiro, vocais sujos e ainda sem característica marcante. Em 87, com um nome bem sugestivo, foi lançado o disco Primitive Origins.

Forced Fed saiu no ano seguinte, já tendo uns riffs mais elaborados, preparando a casa pra chegada de um dos melhores discos de metal do mundo, sim, é um dos melhores!

Beg to Differ de 1990 mudou mesmo a linha sonora da banda, tem os vocais mais limpos e característicos que o Tommy iria sempre usar, tem riffs e intros de nunca deixar você passar uma música pra frente, e sempre te obrigam a ouvir o álbum todo. Sem contar a capa, obra pima do Pushead (desenhista das melhores caveiras dos 80´s).

O album seguinte, de 1991 é o container da música título e introdutório do PRONG em minhas "zoreias". Provar o errado? Que nada, estou certo até hoje que esta é uma grande banda. Este disco tem uns toques diferentes, um pouco mais groovado, com uma baixista novo que produz linhas graves bem funkeadas e suja, estaladas. Ouçam a Positive Blind... ouçam o cover dos Stranglers, ouçam a Brainwave! Ouçam inteiro também.

O fato que se sucede só vem a confirmar tudo que eu disse acima, no album seguinte, chamado Cleansing o rumo sonoro muda novamente e um novo baixista ingressa a banda, dando toda a moral e consistência. Quem? Paul Raven (RIP) do KJ!!! A banda mãe.

Esse disco é bem variado, até mesmo pode ser estranho ouvi-lo no começo, mas depois que se toma gosto, vira vício. Snap Your Finger, Snap Your Neck é um hit. Dentro do disco destaco pitadas do que chamam de industrial.

O proximo disco é uma continuação deste, um pouco mais simples, mais enxuto, ainda com Paul Raven, Rude Awekening, de 1996, mantém firme o PRONG e tem 2 hits, a faixa título, que tem um belo remix, e a faixa Unfortunately.

Depois disso a banda acaba. Todos debandam, Tommy toca no Danzig e no Ministry, Raven volta pro KJ, Ted parsons toca em projetos e outras bandas.

Em 2003, a volta, nada triunfante, integrantes sem a pegada certa, o já tio Tommy tentando segurar as pontas, lançam o disco mais fraco da carreira, Scorpio Rising.

Uma nova volta ocorre em 2007, agora com fortes bases, lançam Power of the Damager, desta vez bem consistente, que me fez voltar ao início e querer mais uns discos pela frente, mas sabendo que nunca vão desembarcar no Brasil, pois sei que na platéia teríamos apenas uns gatos pingados.

Um último devaneio, quem sabe eles não chamam o Jaz Coleman pra cantar em um som novo!?


1987 Primitive Origins * * *
1988 Force Fed * * *
1990 Beg to Differ * * * * * √
1991 Prove You Wrong * * * * * √
1994 Cleansing * * * * * √
1996 Rude Awakening * * * *
2002 100% Live * *
2003 Scorpio Rising * *
2007 Power of the Damager * * * *

√ - Vol11 picks

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Bury My Heart at Wounded Knee

A década 70 talvez tenha sido o derradeiro momento em que os 'rockeiros' concluíram sua migração da marginália para a História. Com máquinas de divulgação (e mentalidades) superiores às decadas precedentes, o Rock tornava-se muito mais que uma música, transmutava-se em instrumento de protesto, válvula de escape de gerações castradas, vítima das experimentações psicotrópicas e ponto de partida para tantas outras, encontrando-se e coalescendo-se à outros estilos, ampliando seu leque original de possibilidades.
Músicos lendários, transpirando genialidade e substâncias ilícitas, empunhavam seus instrumentos e com eles forjavam a mais nova e relevante forma de mitologia para uma juventude sedenta por transformações e carentes de uma voz.
A famigerada década viu o surgir de um gênero tão amplo quanto ambicioso, cujos meandros, fomentados por alguns álbuns do fim da década anterior, variavam indefinidamente de um grupo para o outro, porém com a única constante de privilegiar músicos habilidosos e temáticas grandiosas. O rock progressivo, e com ele a noção mais exata de 'álbuns conceituais' nascia das sementes lançadas por Sgt. Peppers, Pet Sounds, Sell Out e Tommy, e, desde então, lançava suas próprias sementes e recusava o direito de ser sucinto, chafurdando cada vez mais em auto-indulgência e, finalmente, no quid pro quo de músicas por adoração, ganhou a História.
Com o rock progressivo, longas composições ambiciosas passaram a dominar o léxico músical e álbuns conceituais se tornaram uma constante praticamente obrigatória. Pink Floyd teve The Wall e, em certa medida, também Dark Side of the Moon, Yes, Rick Wakeman, Genesis, Jethro Tull Rush e até David Bowie, que virou Ziggy Stardust (embora longe de poder ser considerado progressivo), entre tantos outros grupos inauditos tiveram grande impacto e importância na consolidação do modus operandi do gênero e, com seus lançamentos conceituais um atrás do outro marcaram uma geração inteira. Geração que talvez tenha em Future Days, do Can, o exemplo mais formidável e desconhecido de um álbum conceitual de tal Era.
A temática, embora muitas vezes similar entre este ou aquele grupo, versava desde estrelas do rock disfuncionais e suicídas (Floyd) à esposas de imperadores (Wakeman) e lendas interplanetárias (inúmeros outros), no entanto, mesmo quando díspares, carregam em comum uma grandiosidade simétrica à ambição de cada grupo em particular e isso é um dos fatores que torna tão marcante um disco que saiu dos confins da alemanha reinada pelo Krautrock, lançado por um grupo chamado GILA.
BURY MY HEART AT WOUNDED KNEE, de 1973, poderia ser considerado pelos fãs radicais de progressivo como um insulto. Inexistem os inolvidáveis solos quilométricos de guitarra, não estão lá as baterias desafiadoras e as tantas outras peculiaridades excêntricas do gênero. Muito pelo contrário. Bury My Heart at Wounded Knee é um disco estranhamente sucinto para o gênero, tanto em forma quanto em conteúdo. No lugar das ego-trips, das histórias mitológicas ou das vidas abrilhantadas das realezas, suas letras são retiradas de textos indígenas, sua inspiração, de um livro que conta um dos últimos grandes conflitos entre indígenas e 'homens brancos' nos EUA.
No que foi seu terceiro disco, Gila, então consistindo quase apenas de membros do portentoso grupo Popol Vuh, encontra-se num momento muito mais etéreo e singular do que anteriormente. Apesar de em seu primeiro disco auto-intitulado (mas muitas vezes chamado de Free Electric Sound), o som do grupo consistir em longas, explosivas e inspiradíssimas jams, em Bury My Heart não há sinal de ostentação e, tendo em vista que se trata de um disco conceitual de suposto rock progressivo, é um tanto quanto minimalista. Porém, no que foi poupado em termos de pirotecnia, os membros da banda esbanjam em ambiencia e feeling, o que o torna em um dos documentos mais interessantes e peculiares não só do progressivo, mas do próprio fértil Krautrock, um álbum cuja beleza envolve mansamente no lugar de forçar-se notória através de comportamentos disparatados tão comuns ao gênero.
Bury My Heart at Wounded Knee é mais uma das pérolas fantásticas do Kraut que permaneceram obscuras e esquecidas, um disco que, não resta dúvida, deveria encabeçar qualquer listagem de discos fundamentais, um trabalho idiossincrásico que, sem procrastinar, é digno de todos os elogios. Simplesmente obrigatório e imprescindível.


Gila - Sundance Chant
(do disco Bury My Heart at Wounded Knee)



Gila - Bury My Heart at Wounded Knee










01 - This Morning
02 - In a Sacred Manner
03 - Sundance Chant
04 - Young Coyote
05 - The Buffalo Are Coming
06 - Black Kettle's Ballad
07 - Little Smoke
08 - Mindwinds Are Heartfrost

Discografia:

Gila (Free Electric Sound) (1971) * * * * *
Night Works (1972) * * * *
Bury My Heart at Wounded Knee (1973) * * * * * √

√ - (Volume-11 pick)