sob a influência de
Walter Franco: Quem Puxa Aos Seus Não Degenera
No vale perdido entre montanhas perdi alguém esses dias. O dia e mais dias e meses e anos passam rápido e, na ilusão da longevidade, perde-se de vista importâncias insubstituíveis.
O tempo perdido em espera, hora morta suando sob o sol ou em sala com ar condicionado e sorrisos perfunctórios. Nunca nada parece tão importante quanto quando contrastado com a ausência absoluta desse tempo, a morte.
Agora sento numa sala vazia olhando uma garrafa vazia sobre a mesa enquanto espero nada em um hospital gelado e longe. Nada poético, apenas a descrição simples do que faço. Me sinto vazio, sem propósito e pouco ridículo na atividade diária de viver, reclamando do clima, discutindo inutilidade, projetando uma imagem para a platéia insignificante e desinteressada, me perdendo em adjetivo e idéia.
Entre montanhas em um vale perdido perdi alguém que em breve fará parte da paisagem em uma flor e que ainda continua viva em mim e em você e em todo o resto. Um adeus tardio e distante de quem não pôde estar lá para dar o último beijo.
Eis aqui para todo amigo nunca feito, todo o amor nunca tido, toda palavra nunca dita, todo sentimento nunca expresso a minha tardia aceitação.
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